Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Início do conteúdo

Relembre quem foi Marciele, primeira PM morta em confronto direto com criminosos

No dia em que completa um ano de sua morte, Brigada Militar homenageia Soldado que tombou em combate

Publicação:

marciele
25111711-marciele.jpg

Guerreira. Corajosa. Incansável. Atributos de uma mulher Policial Militar que jamais desistiu de seus ideais e que sempre exerceu com louvor as missões que lhe foram incumbidas. Assim foi a Soldado Marciele Renata dos Santos Alves. E desse jeito que é lembrada por familiares, amigos e colegas desde que partiu precocemente no dia 25 de novembro de 2019, após ser atropelada por carro de uma quadrilha em fuga, durante uma operação em que estava atuando. 

 

Natural de Cachoeira do Sul, Marciele ingressou na Brigada Militar em 2012, quando tinha apenas 21 anos. Mas, antes mesmo de tornar-se membra da Corporação, sempre admirou a profissão e alimentou o desejo de fazer parte - assim como seu padrasto, Sargento aposentado. Era como se soubesse que ser Brigadiana fosse o destino de sua vida, o seu sonho mais real e intenso. E foi.

 

Primeiro, passou por todo o período de instruções e treinamentos no Curso de Formação de Soldados da Brigada Militar. Após, quando o concluiu, foi lotada na cidade de Taquari, para atuar no policiamento ostensivo. Lá, permaneceu até o ano de 2015, quando se transferiu para Santa Cruz do Sul. No novo município, optou por deixar as ruas e trabalhar na sala de operações, local responsável por supervisionar câmeras de videomonitoramento. 

 

A escolha pela troca de função ocorreu por um objetivo que, paralelamente com as atividades que desempenhava na Brigada Militar, buscava alcançar: se formar na faculdade de fisioterapia. Com flexibilidade nos horários de escala, a jovem conseguiu se dedicar mais aos estudos e conquistou o desejado diploma de graduação.

 

Já formada, decidiu, então, voltar às ruas. Para isso, resolveu entrar para o curso do Pelotão de Operações Especiais (POE) de Santa Cruz do Sul - hoje denominado de Força Tática -, grupamento que atua como pronta resposta em ocasiões específicas. Não só fez, como foi aprovada. O bom desempenho ao longo da formação permitiu Marciele alcançar mais essa aspiração e, a partir daquele momento, ser uma das poucas mulheres a altura de vestir a tão almejada farda camuflada.

 

Mas, infelizmente, a realização do novo sonho durou pouco. No mesmo ano em que passou a integrar o POE, aconteceu a operação que culminou em sua morte, na fatídica tarde do dia 25 de novembro, no município de Sério, no Vale do Taquari.

 

Como parte do cerco armado pela Brigada Militar para prender criminosos que haviam roubado três picapes (caminhonetes), e que contou com perseguição, uma barreira foi montada para abordar o grupo. Neste momento, houve trocas de tiros (que deixaram dois bandidos mortos) e mais uma tentativa de fuga. Foi, então, que os criminosos usaram o veículo roubado para colidir em uma viatura atingindo Marciele.

 

A Policial Militar ainda foi levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Encerrava, ali, a nobre e prematura missão da Soldado Marciele. Mas não somente isso. Os planos e metas de uma jovem de apenas 28 anos, que dedicou boa parte de sua vida a causas sociais e que acreditava na transformação do mundo em um local melhor, também chegava ao fim.

 

Hoje, 365 dias depois, mesmo não vestindo mais a farda que tanto a encantou, saindo às ruas para patrulhar ou sendo a alegria contagiante dos lugares, o legado de Marciele é mantido vivo no coração e memória de quem pôde conviver com ela. E assim continuará, como o que representa cada palavra que a mãe cita ao lembrar da filha: “solidariedade; amor; família; sinceridade; carinhosa; pontualidade; colega; teimosa; geniosa; sonhadora; luta; resistência; e, principalmente, Brigada e POE”, ressalta. 

 

 

 

 

Texto: Estagiário Guilherme Maia

Publicação: Soldado Andressa Rufato

Brigada Militar