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Brigada Militar inova no Seminário do Proerd

Novos olhares para enfrentar crimes que envolvem crianças e adolescentes

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Policiais militares que atuam no Proerd, compondo o público do evento, durante execução do Hino Nacional, na abertura do evento
Policiais Militares lotam auditório do MPRS nesta 11ª edição do Seminário do Proerd - Foto: Sd Brenda PM5

O Seminário Estadual do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), reuniu nesta 11ª edição, Policiais Militares (PMs) que atuam em todas as regiões do Rio Grande do Sul, nessa terça-feira (02/09), em Porto Alegre. Com o tema “Novos Olhares”, o objetivo foi promover uma atualização pedagógica e o fortalecimento das ações preventivas desenvolvidas junto às escolas. Segundo o diretor do Departamento de Ensino da Brigada Militar, coronel PM Jorge Dirceu Abreu Silva Filho, esta edição do Seminário é um marco de inovação. “Buscamos a modernização e o aprimoramento do Proerd para atender a realidade enfrentada. O tema expressa a necessidade de o Programa ampliar a dimensão para além da sala de aula, fortalecendo o policiamento ostensivo,” disse.

Conforme explica um dos ex-coordenadores do Programa, o coronel PM Cilon Freitas da Silva, a sociedade necessita atualizar-se diante das novas influências, que permeiam a rotina de crianças e de adolescentes, as quais chegam através da internet. “Temos outras camadas na sociedade, temos o mundo virtual ou mundo digital, onde os algoritmos das redes influenciam mais ainda nossos jovens em comparação com o que acontecia há alguns anos nas ruas,” disse sobre os chamados perigos invisíveis. Atualmente, a exposição acontece no interior das residências, por meio de telas, de acesso a jogos eletrônicos, a redes sociais, a chats, a grupos online, entre outros, sob o risco de serem alvo de pessoas adultas passando-se por crianças e jovens, e podem ser pedófilos, abusadores, golpistas.

A recomendação aos pais e familiares é para que as crianças e os adolescentes somente falem, através da internet, com pessoas que sejam conhecidas fisicamente, ou seja, na vida real. “É fundamental que os pais tenham ciência desses diálogos e que, igualmente, conheçam esses amigos pessoalmente. Somente assim teremos certeza de que são identidades verdadeiras e que estão ali para realmente contribuir para a formação das crianças e dos jovens,” fica o alerta do coronel PM Cilon, que comanda o CRPO Extremo Oeste.

Telas e riscos

“É assustador imaginar que tudo aquilo que queremos evitar para as crianças e os adolescentes, está dentro de casa, está dentro do quarto,” disse o Prof. Eduardo Castro, referindo-se ao cyberbullying, uma forma de violência digital que intimida, humilha, assedia ou ameaça a outra pessoa. Citou também o grooming, que é um crime de manipulação e de exploração sexual contra menores de idade, que se inicia através de um relacionamento virtual de confiança e evolui para a chantagem, a extorsão ou abuso presencial. A lista de crimes virtuais é extensa: as novas gerações estão sob o risco da hiperexposição a conteúdos violentos, a crueldade entre pares, a apologia a crimes, a desafios online.  

dois militares entregam certificado e símbolo do projeto ao palestrante da manhã
Prof. Eduardo Castro (ao centro) recebe agradecimentos pela participação no Seminário do Proerd - Foto: Proerd

"O Proerd é o principal produto de segurança pública que existe no Rio Grande do Sul."   Prof. Eduardo Castro

Gestão de tempo

Por isso, na sua palestra “Novos olhares para o uso de telas na educação”, o Prof. Eduardo, que dirige há dez anos o Colégio João Paulo I - Unidade Sul, enfatizou a urgência em “trazer para o mundo digital todos os ensinamentos de como lidar na rua com as ameaças à infância e à adolescência”.  

Para começar a enfrentar essas ameaças, uma das primeiras lições passadas pelo Prof. Eduardo, é tratar da gestão de tempo com as crianças e com os jovens. Isso porque, segundo os dados compilados, o tempo médio gasto no país com a Internet em aparelhos celulares, em computadores e no consumo em mídia online (redes sociais e streaming), chega a 11 horas e 32 minutos por dia. “A soma do tempo dedicado às telas, faz com que no Brasil sejamos menos produtivos do que em outros países,” afirmou, ressaltando os riscos de saúde associados, já conhecidos, tais como dependência digital, por meio do risco de manifestar comportamentos semelhantes àqueles de uma pessoa viciada em jogos.

Impactos associados

Os impactos na autoestima, igualmente descritos, ocorrem com a comparação aos padrões irreais expostos nas redes sociais, reforçando distorções de autoimagem. A recente síndrome da visão digital é caracterizada pelos olhos secos, irritação, dor de cabeça, além do aumento mundial dos casos de miopia em crianças e adolescentes. Destacam-se também sintomas ansiosos e depressivos, redução da capacidade de concentração e aumento da impulsividade, sem esquecer dos impactos na qualidade do sono que geram sonolência diurna e queda no rendimento escolar.      

Contudo, não acaba por aí. Há os impactos físicos e metabólicos incluindo o sedentarismo, a obesidade e os problemas musculares e esqueléticos. Portanto, o Prof. Eduardo acredita que o uso da internet deva estar vinculado a alguma atividade produtiva, incluindo o lazer de modo produtivo, ou seja, que o objetivo seja ultrapassar o mero consumo de algo e que de fato agregue-se valor. “A gente precisa entrar nesta briga e construir culturalmente um uso de internet sustentável e seguro de verdade. É preciso um novo olhar para este mundo digital,” declarou.

Amanhã, você poderá conferir a segunda parte desta reportagem sobre o Seminário do Proerd. Vamos trazer as informações acerca do projeto Sin@!s, realizado pelo Núcleo de Prevenção à Violência Extrema (NUPVE) do Ministério Público do Rio Grande do Sul.  A Brigada Militar está empenhada no provimento da sociedade gaúcha para enfrentar mais este desafio da modernidade.

Texto: Eliege Fante - jornalista/servidora civil - PM5 BM

Fotos: sd PM Brenda - PM5 e Proerd 

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